O Direito de Ser Brega
Léo Nascimento (MPB)
Eu já perdi a dignidade
Perdi a conta da idade
Joguei meus sonhos na lixeira
Minha cama é uma cadeira
Derramei perfume na pia
Larguei a garrafa vazia
Fechei minha conta no bar
Quebrei o meu celular
Mas tanto fiz e nem sei se você me quis
Onde pus meu nariz? O que faço, me diz?
Se nem por um triz consegui ser feliz
Fechei a ferida e agora sou só cicatriz
Então entendo que é danado
Nunca ter me apresentado
Sei que fica difícil ser visto
Por quem nem sabe que existo
Talvez se eu chegasse no lance
Pudesse ter alguma chance
Como saber do meu sentimento
Por transmissão de pensamento?
Acho que sou mesmo o culpado
Ficando de longe calado
Um dia, quem sabe eu conto
Sobre meu amor, é isso e pronto
Até lá, sigo triste
Chorando pelo que não existe
Mas nêga, não me nega o direito de ser brega
Nêga, não me nega o direito de ser brega
Não nega, nêga, o direito de ser brega
Nêga, não me nega o direito de ser brega. Sou brega
Contratei um carro de som
Escrevi no espelho com batom
Costurei minha cueca marrom
Comprei flores e bombom
Botei o lençol pra lavar
E o disco do Soriano pra tocar
Agora só resta dizer porque ia
Todo dia na sua padaria
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