Asa do Vento

Sou charneca sou monte, brisa a correr ligeira
Sou água fresca a correr na fonte
Sou rosa da roseira

Sou o cheiro das flores, fé do meu pensamento
Filha d'amores, irmã das dores
Sou mãe do sofrimento

Tenho no peito um pássaro encarnado
Que anda sem jeito, a mim amarrado

Sou charneca sou monte, sou noite enluarada
Flor de alecrim, ramo de jasmim
Sou papoila encarnada

Sou flor de primavera, sou sonho de verão
Planície aberta, praia deserta
Que espera a tua mão

Coração fruto que é maduro e verde
Meu choro enxuto, dor que se não perde

Sou charneca sou monte, sou manhã perfumada
Planície aberta, praia deserta
Sou ilha abandonada

Sou charneca sou monte, verde fruta colhida
Erva cidreira, mansa oliveira
Sou lágrima perdida

Asa de vento, inimiga da sorte
Roseira brava, não há quem me corte

Ala de Viento

Soy páramo soy monte, brisa corriendo ligera
Soy agua fresca, corriendo en la fuente
Soy rosa del rosal

Soy el olor de las flores, fe de mi pensamiento
Hija de amores, hermana de los dolores
Soy madre del sufrimiento

Tengo en el pecho un pájaro encarnado
Que anda sin prisa, a mí amarrado

Soy páramo, soy monte, soy noche de Luna
Flor de romero, rama de jazmín
Soy una amapola encarnada

Soy flor de primavera, soy sueño de verano
Planicie abierta, playa desierta
Que espera tu mano

Corazón fruto que es maduro y verde
Mi llanto seco, dolor que no se pierde

Soy páramo soy monte, soy mañana perfumada
Planicie abierta, playa desierta
Soy isla abandonada

Soy páramo soy monte, verde fruta cosechada
Hierba cidrera, mansa olivera
Soy lágrima perdida

Ala de viento, enemiga de la suerte
Rosal silvestre, no hay quien me corte

Composição: Amália Rodrigues / Carlos Gonçalves