O peixe tem a fome do peixe
Mar aberto água gelada
Nada, nada, nada e além do nada o próprio mar

A gente tem a fome da gente
Carne aberta, faca afiada
Cala, cala, cala sobre a própria história sem lembrar

Que o tempo tem a fome do tempo
O tempo tem a fome do tempo

O rio tem o tempo dos rios
Veia velha, mata alagada
Corre, corre, desce imenso e morre por chegar
Onde o vento venta a todo momento

O vento venta a todo momento

No vento corre o sangue do tempo
E o tempo faz da gente um momento
Faz da vida um pequeno vento
Faz tudo passar

O rio tem o tempo dos rios
Veia velha, mata alagada
Corre, corre, desce imenso e morre por chegar
Onde o vento venta a todo momento

O tempo tem a fome do tempo
A gente tem a fome da gente
E vento que me venta por dentro
Leva o sopro, o momento
Faz mundo rodar

Composição: Dora Morelenbaum / Julia Mestre / Lucas Nunes / Zé Ibarra