As Vitrines

Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
- Dá tua mão
- Olha pra mim
- Não faz assim
- Não vai lá não

Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir

Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar

Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão

Las vitrinas

Te veo desaparecer alrededor
Te dije que la ciudad era una vanidosa
Dame la mano
Mírame
No lo hagas así
No, no vas a ir allí

Los signos que te colorean
Avergonzando mi vista
Te vi suspirar de aflicción
Y salir de la sesión, suelto de la risa

Puedo verte bromeando, encantando ser
Tu sombra multiplicándose
En tus ojos puedo ver también
Vitrinas viendo que vas por

En la galería, cada flash
Es como un día después de otro día
Apertura de una sala
Pasas en exhibición
Pasas sin ver a tu vigilante
Esparcir la poesía
Que derrames en el suelo

Composição: Chico Buarque