Qualquer Negócio

Me deixa ser
Quem faz o laço
Da gravata
Do mordomo
Que te serve o jantar
Me deixa ser
O suporte que segura
A tela plana
Da sua sala
No lugar

Me deixa usar
O pé pra equilibrar
Aquela mesa bamba
Que você aposentou
Há mais de um mês
Me deixa ser
A sua estátua
De jardim,
O seu cabide de casacos,
Só não me tira de vez
Da sua casa

Eu posso ser a empregada
Da empregada
Da empregada
Da empregada
Do seu tio.

Me deixa ser
O seu pingüim
De geladeira,
Eu fico uma semana inteira
Sem mexer
Me deixa ser
O passarinho do relógio
Que de hora em hora
Pode aparecer,
Pra eu te ver

Me deixa ser
Quem passa a calça
Que você precisa usar
No seu jantar
À luz de velas
Com alguém
Me deixa ser quem deixa
Vocês dois
De carro
Em um restaurante caro
Só não deixa eu ser ninguém
Na sua vida

Cualquier negocio

Déjame estar
¿Quién hace la soga?
De la corbata
Del mayordomo
¿Qué te sirve la cena?
Déjame estar
El soporte que sostiene
La pantalla plana
Desde tu sala de estar
En su lugar

Déjame usarlo
El pie para equilibrar
Esa mesa de cuerda floja
Que te retiraste
Hace más de un mes
Déjame estar
Tu estatua
Desde el jardín
Tu percha
Pero no me lleves para siempre
De tu casa

Puedo ser la criada
De la criada
De la criada
De la criada
De tu tío

Déjame estar
Tu pingüino
Refrigerador
Me quedo toda una semana
No juguetear
Déjame estar
El pajarito del reloj
Que cada hora
Puede que subiera
Así que puedo verte

Déjame estar
¿Quién pasa los pantalones?
Que necesita usar
En tu cena
Por la luz de las velas
Con alguien
Déjame ser el que te deja
Ustedes dos
En coche
En un restaurante caro
No me dejes ser nadie
En tu vida

Composição: Clarice Falcão