A Sementinha

Lá na casa da fazenda onde eu vivia
Numa manhã de garoa e de céu nublado
Achei no chão do terreiro uma sementinha
Pensei logo em plantá-la no chão molhado

O tempo passou depressa e a mocidade
Chegou como chega a noite ao cair da tarde
Veio morar na fazenda uma caboclinha, graciosa, bela, meiga e na flor da idade

Iniciou-se um romance entre eu e ela
Na sombra aconchegante de uma paineira
Dei a ela uma rosa com muita esperança
Que eu colhi de um galhinho daquela roseira

Marcamos o casamento pro fim do ano
Pra mim só existia ela e pra ela só eu
Pouco mais de uma semana para o nosso idílio
A minha flor prometida doente morreu

Arranquei o pé de rosas na primavera
E plantei na sepultura de minha amada
Todas tardes eu molhava com o meu pranto
A roseira foi murchando e acabou em nada

A chuva se foi embora e o Sol ardente
Matou a minha roseira e secou meu pranto
Só não matou a saudade da caboclinha
Pois eu vejo sua imagem em todo canto

Por isso é que eu vivo longe de minha terra
Seguindo a longa estrada de minha vida
Procuro viver sorrindo mas no entanto
Eu choro ao me recordar da amada querida

O destino como sempre é caprichoso
É cheio de traições e de sonhos loucos
Tal qual aquela roseira e a minha amada
Eu pressinto que também vou morrendo aos poucos

La pequeña semilla

Allí en la masía donde vivía
En una mañana lluviosa y nublada
Encontré una pequeña semilla en el suelo del terreiro
Inmediatamente pensé en plantarlo en el suelo húmedo

El tiempo pasó rápido y la juventud
Llegó como llega la tarde al anochecer
Una graciosa, bella, dulce y en la flor de la vida vino a vivir a la finca

Un romance comenzó entre ella y yo
A la acogedora sombra de un árbol del dolor
Le di una rosa con mucha esperanza
Que arranqué de una ramita de ese rosal

Programamos la boda a fin de año
Para mi solo estaba ella y para ella solo yo
Poco más de una semana a nuestro idilio
Mi prometida flor enferma murió

Arranqué las rosas en primavera
Y lo planté en la tumba de mi amado
Todas las tardes lo mojo con mis lágrimas
El rosal se secó y terminó en nada

La lluvia se fue y el sol arde
Mató mi rosal y secó mis lágrimas
Simplemente no mató el anhelo de la caboclinha
Porque veo tu imagen en todas partes

Por eso vivo lejos de mi tierra
siguiendo el largo camino de mi vida
Trato de vivir sonriendo pero a pesar de todo
Lloro al recordar a la amada querida

El destino como siempre es caprichoso
Está lleno de traiciones y sueños locos
Como ese rosal y mi amado
Tengo la sensación de que yo también me muero lentamente

Composição: Dino Franco / Itapuã