Trovoa

Minha cabeça trovoa
Sob o meu peito eu te trovo e me ajoelho
Destino canções pros teus olhos vermelhos
Flores vermelhas, Vênus, bônus
Tudo que me for possível, ou menos
Mais ou menos
Me entrego,Me ofereço
Reverencio a sua beleza
Física também, mas não só,
Não só

Graças a Deus você existe
Acho que eu teria um troço
Se você dissesse que não tem negócio
Te ergo com as mãos, sorrio mal, mal sorrio
Meus olhos fechados te acossam
Fora de órbita
Descabelada, diva, súbita
Súbita

Seja meiga, seja objetiva
Seja faca na manteiga
Pressinto como você chega, ligeira
Vasculhando a minha tralha
Bagunçando a minha cabeça
Metralhando a quinquilharia que carrego comigo
Clipes, grampos, tônicos
Toda dureza incrível do meu coração
Feita em pedaços

Minha cabeça trovoa
Sob teu peito eu encontro a calmaria e o silêncio
No portão da tua casa no bairro
Famílias assistem TV
(Eu não)
Às oito da noite
Eu fumo um Marlboro na rua como todo mundo
E como você, eu sei
Quer dizer, eu acho que sei
Eu acho que sei

Vou sossegado e assobio
E é porque eu confio em teu carinho
Mesmo que ele venha num tapa
E caminho a pé pelas ruas da Lapa
"Logo cedo, vapor? Não acredito!"
A fuligem me ofusca
A friagem me cutuca
Nascer do sol visto da Vila Ipojuca
O aço fino da navalha que faz a barba
O aço frio do metrô
O halo fino da tua presença

Sozinha na padoca em Santa Cecília
No meio da tarde, soluça
Quer dizer, relembra
Batucando com as unhas coloridas
Na borda de um copo de cerveja
Resmunga quando vê
Que ganha chicletes de troco

Lembrando que um dia eu falei
"Sabe, você tá tão chique,
Meio freak, anos setenta
Fique,
Fica comigo
Se você for embora eu vou virar mendigo
Eu não sirvo pra nada
Não vou ser seu amigo
Fique,
Fica comigo"

Minha cabeça trovoa
Sob o teu manto eu me entrego
Ao desafio de te dar um beijo
Entender o teu desejo
Me atirar pros teus peitos
Meu amor é imenso
É maior do que penso
É denso
Espessa nuvem de incenso
De perfume intenso
E o simples ato de cheirar-te
Me cheira a arte
Me leva a Marte
A qualquer parte
A parte que ativa a química
Química
Ignore a mímica
E a educação física
Só se abastece de mágica
Explode uma garrafa térmica
Por sobre as mesas de fórmica de um salão de cerâmica
Onde soem os cânticos
Convicção monogâmica
Deslocamento atômico
Para um instante único
Em que o poema mais lírico
Se mostre a coisa mais lógica
E se abraçar com força descomunal
Até que os braços queiram arrebentar
Toda a defesa que hoje possa existir
E por acaso queira nos afastar
Esse momento tão pequeno e gentil
E a beleza que ele pode abrigar

Querida, nunca mais se deixe esquecer
Aonde nasce e mora todo o amor

Trueno

Mi cabeza trueno
Bajo mi pecho te troné y me arrodillé
Canciones del destino para tus ojos rojos
Flores rojas, Venus, bono
Cualquier cosa que pueda hacer, o menos
Más o menos
Me rindo, ofrezco
Me inclino ante tu belleza
La física también, pero no solamente
No sólo

Gracias a Dios que existes
Creo que tendría algo
Si dices que no hay trato
Te levanto con mis manos, sonrío mal, apenas sonrío
Mis ojos cerrados te tocan
Fuera de órbita
Shaggy, diva, repentino
De repente

Sé dulce, sé objetivo
Ser cuchillo en mantequilla
Siento cómo llegas, rápido
Buscando a través de mi basura
ensuciando mi cabeza
Ametrallando las baratijas que llevo conmigo
Clips, abrazaderas, tónicos
Toda la increíble dureza de mi corazón
Hecho a mano

Mi cabeza trueno
Bajo tu pecho encuentro calma y silencio
En la puerta de su casa en el barrio
Las familias ven la televisión
(No lo hago)
A las ocho de la tarde
Fumo un Marlboro en la calle como todos los demás
Y como tú, lo sé
Quiero decir, creo que sí
Creo que lo sé

Voy a ir en silencio y silbar
Y es porque confío en tu afecto
Incluso si viene en una bofetada
Y caminar por las calles de Lapa
¿A primera hora de la mañana, vapor? ¡No puedo creerlo!
El hollín me eclipsa
El frío me asomaba
Amanecer visto desde Vila Ipojuca
El fino acero de la maquinilla de afeitar que se afeita
El acero frío del metro
El halo fino de tu presencia

Solo en la padoca en Santa Cecilia
En medio de la tarde, el hipo
Quiero decir, recuerda
Tambores con uñas de colores
En el borde de un vaso de cerveza
Él murmura cuando ve
¿Quién consigue chicle por el cambio

Recordando que un día hablé
Sabes, te ves tan fantá
Medio monstruo, años setenta
Quédate
Quédate conmigo
Si te vas, seré mendigo
No sirvo para nada
No seré tu amigo
Quédate
Quédate conmigo

Mi cabeza trueno
Bajo tu túnica me rindo
Por el reto de darte un beso
Entender su deseo
Tírame en tus pechos
Mi amor es inmenso
Es más grande de lo que creo
Es denso
Gruesa nube de incienso
Perfume intenso
Y el simple acto de olerte
Huelo arte
Llévame a Marte
Dondequiera
La parte que activa la química
Química
Ignorar el mimo
Y la educación física
Sólo abastece de magia
Volar un termo
Sobre las mesas de formica de una sala de cerámica
Donde suenan los cantos
Condena monógama
Desplazamiento atómico
Para un instante único
En el que el poema más lírico
Muéstrate lo más lógico
Y abrazar con fuerza poco común
Hasta que los brazos quieren romperse
Toda la defensa que hoy puede existir
¿Y quieres alejarnos?
Este momento tan pequeño y suave
Y la belleza que puede albergar

Bebé, no te dejes olvidar
Donde todo el amor nace y habita

Composição: Maurício Pereira