Eu

Perguntei pra minha mãe: "Mãe, onde é que ocê nasceu?"
Ela então me respondeu que nasceu em Curitiba
Mas que sua mãe que é minha avó
Era filha de um gaúcho que gostava de churrasco
E andava de bombacha e trabalhava no rancho
E um dia bem cedinho foi caçar atrás do morro
Quando ouviu alguém gritando: "Socorro, socorro!"
Era uma voz de mulher
Então o meu bisavô, um gaúcho destemido
Foi correndo, galopando, imaginando o inimigo
E chegando no ranchinho, já entrou de supetão
Derrubando tudo em volta, com o seu facão na mão
Para o alívio da donzela, que apontava estupefata,
Para o saco de batata, onde havia uma barata
E ele então se apaixonou
E marcaram casamento com churrasco e chimarrão
E tiveram seus três filhos, minha avó e seus irmãos
E eu fico imaginando, fico mesmo intrigado
Se não fosse uma barata ninguém teria gritado
Meu bisavô nada ouviria e seguiria na caçada
Eu não teria bisavô, bisavó, avô, avó, pai, mãe, não teria nada
Nem sequer existiria

Perguntei para o meu pai: "Pai, onde é que ocê nasceu?"
Ele então me respondeu que nasceu lá em Recife
Mas seu pai que é o meu avô
Era filho de um baiano que viajava no sertão
E vendia coisas como roupa, panela e sabão
E que um dia foi caçado pelo bando do Lampião
Que achava que ele era da polícia um espião
E se fez a confusão
E amarraram ele num pau pra matar depois do almoço
E ele então desesperado gritava: "Socorro!"
E uma moça apareceu bem no último instante
E gritou pra aquele bando: "Esse rapaz é comerciante!"
E com muita habilidade ela desfez a confusão
E ele então deu-lhe um presente, um vestido de algodão
E ela então se apaixonou
Se aquela moça esperta não tivesse ali passado
Ou se não se apaixonasse por aquele condenado
Eu não teria bisavô, nem bisavó, nem avô, nem avó, nem pai pra casar com a minha mãe
Então eu não contaria essa história familiar
Pois eu nem existiria pra poder cantar
Nem pra tocar violão

Me

Le pregunté a mi madre, “Mamá, ¿dónde naciste?
Luego me contestó que había nacido en Curitiba
Pero que tu madre es mi abuela
Era hija de un gaucho al que le gustaba hacer una barbacoa
Y estaba en una bomba y trabajaba en el rancho
Y un día antes, fue a cazar detrás de la colina
Cuando escuchaste a alguien gritando: “¡Ayuda, ayuda!
Era la voz de una mujer
Así que mi bisabuelo, un valiente gaucho
Estaba corriendo, galopando, imaginando al enemigo
Y llegando al rancho, ya está en medio del día
Golpeando todo, con su machete en la mano
Para el alivio de la damisela, que señaló asombrado
Para la bolsa de patatas, donde había una cucaracha
Y luego se enamoró
Y prepararon una boda con barbacoa y chimaroni
Y tuvieron sus tres hijos, mi abuela y sus hermanos
Y me pregunto, estoy realmente intrigado
Si no fuera una cucaracha nadie habría gritado
Mi bisabuelo no escucharía nada e iría a cazar
No tendría bisabuelo, bisabuela, abuelo, abuela, padre, madre, no tendría nada
Ni siquiera existiría

Le pregunté a mi padre: “Papá, ¿dónde naciste?
Entonces me contestó que había nacido allí en Recife
Pero tu padre, que es mi abuelo
Era el hijo de un bahian que viajaba en el bosque
Y vendía cosas como ropa, hierba y jabón
Y que un día fue perseguido por la banda del lamppião
¿Quién pensó que era un policía un espía?
Y si hizo el desastre
Y lo ataron a un palo para matarlo después del almuerzo
Y luego gritó desesperadamente: “¡Ayuda!
Y una chica apareció justo en el último minuto
Y le gritó a esa pandilla: “¡Ese chico es un mercader!
Y con gran habilidad, ella desenfrenó el desastre
Y luego le dio un regalo, un vestido de algodón
Y luego se enamoró
Si esa mujer inteligente no hubiera venido
O si no te enamoraste de ese convicto
No tendría bisabuelo, ni bisabuela, ni abuelo, ni abuela, ni padre para casarse con mi madre
Así que no contaría esta historia familiar
Porque yo ni siquiera existiría para cantar
Ni siquiera para tocar la guitarra

Composição: