Balada da Rita

Disseram-me um dia Rita põe-te em guarda
aviso-te, a vida é dura põe-te em guarda
cerra os dois punhos e andou põe-te em guarda
eu disse adeus à desdita
e lancei mãos à aventura
e ainda aqui está quem falou

Galguei caminhos de ferro (põe-te em guarda)
palmilhei ruas à fome (põe-te em guarda)
dormi em bancos à chuva (põe-te em guarda)
e a solidão não erre
se ao chamá-la o seu nome
me vai que nem uma luva


Andei com homens de faca (põe-te em guarda)
vivi com homens safados (põe-te em guarda)
morei com homens de briga (põe-te em guarda)
uns acabaram de maca
e outros ainda mais deitados
o coveiro que o diga


O coveiro que o diga
quantas vezes se apoiou na enxada
e o coração que o conte
quantas vezes já bateu p´ra nada


E um dia de tanto andar (põe-te em guarda)
eu vi-me exausta e exangue (põe-te em guarda)
entre um berço e um caixão (põe-te em guarda)
mas quem tratou de me amar
soube estancar o meu sangue
e soube erguer-me do chão


Veio a fama e veio a glória (põe-te em guarda)
passaram-me de ombro em ombro (põe-te em guarda)
encheram-me de flores o quarto (põe-te em guarda)
mas é sempre a mesma história
depois do primeiro assombro
logo o corpo fica farto

Rita Balada

Me dijeron que un día Rita te pondrá en guardia
Te lo advierto, la vida es dura. Ponte en guardia
Aprieta ambos puños y camina Ponte en guardia
Me despedí de la miseria
y tiré mis manos a la aventura
y sin embargo, aquí está el que habló

Ferrocarriles Galgei (guardia de pie)
calles hambrientas con plantilla (ponerse en guardia)
Dormí en bancos bajo la lluvia (ponte en guardia)
y la soledad no se equivoca
si llamándolo su nombre
ve a mí como un guante


Caminé con hombres con cuchillos (guardia de pie)
Viví con hombres traviesos (ponte en guardia)
Viví con hombres luchadores (ponte en guardia)
algunos acaban de estar en una camilla
y otros aún más acostados
el sepulturero que lo dice


Que el sepulturero lo diga
cuántas veces se inclinó en la azada
y el corazón que lo dice
¿cuántas veces has golpeado para nada?


Y un día de caminata (de pie en guardia)
Me vi agotado y exhalar (ponerse en guardia)
entre una cuna y un ataúd (de pie en guardia)
pero que trató de amarme
sabía cómo detener mi sangre
y sabía cómo levantarme de la tierra


La fama vino y la gloria vino (de pie en guardia)
me pasaron de hombro a hombro (ponte en guardia)
Me llenaron de flores la habitación (te puso en guardia)
pero siempre es la misma historia
después de la primera maravilla
pronto el cuerpo se cansa

Composição: Sérgio Godinho