Às Vezes

Às vezes quando eu vou à Augusta
O que mais me assusta é o teu jeito de olhar
De me ignorar
Toda em tons de azul

Teu ar displicente invade meu espaço
E eu caio no laço exatamente do jeito
Um crime perfeito
It's all right, baby blue

Garupa de moto, a quina da loto saiu pra você
Sem nome e o endereço é de hotel, eu mereço
Até outra vez

Às vezes quando eu chego em casa
O silêncio me arrasa e eu ligo logo a TV
Só então eu ligo pr'ocê, descubro que já sumiu

Não sei em qual festa que eu te garimpei
Cantanto "lay mister lay", será que foi no meu tio?
Ou em algum bar do Brasil...
Sei lá, eu fui mais de mil

Cheguei bem tarde, o vinho estava no fim
E alguém passou o chapéu pra mim e gritou
É grana pra mais bebum e eu não paguei

Às vezes quando eu vou ao shopping
Escuto "Money for Nothing" e então começo a lembrar
Que eu tocava num bar e que uma corda quebrou

Foi um deus-nos-acuda, eu apelei pro meu Buda
Te peguei pelo braço e nós fomos embora
Eu disse: Baby, não chora, amor de primeira hora

A vida é chata, mas ser platéia é pior
E que papel o meu
Chá quente na cama, sorvete, torta, banana, lua de mel

Às vezes quando eu vou ao centro da cidade
Evito, mas entro no mesmo bar que você
Nem imagino o porquê, se eu nem queria beber

Reparo em sua roupa, na loira ao seu lado
No seu ar cansado que nem mesmo me vê
Olhando pr'ocê, pedindo outro "fernet"

Será que não chega, já estou me repetindo
Eu vivo mentindo pra mim
Outro sim, outra "trip", outro tchau
Outro caso banal, tão normal, tão chinfrim

Às vezes eu até pego uma estrada
E a cada belo horizonte eu diviso o seu rosto
A face oculta da lua soprando ainda sou sua

A veces

A veces, cuando voy a Augusta
Lo que más me asusta es la forma en que lo miras
Para ignorarme
Todo en tonos de azul

Tu aire explicativo invade mi espacio
Y caigo en la soga exactamente de la manera en que
Un crimen perfecto
Está bien, bebé azul

La rump de la motocicleta, la lotería está saliendo para ti
No hay nombre y la dirección es un hotel, me lo merezco
Nos vemos otra vez

A veces, cuando llegue a casa
El silencio me mata, y enciendo la televisión
Sólo entonces te llamo y me doy cuenta de que se ha ido

No sé en qué fiesta te tengo
Cantando “lay mister lay lay”, ¿era mi tío?
O algún bar en Brasil
No lo sé, tenía más de mil

Llegué muy tarde, el vino estaba en su final
Y alguien me pasó el sombrero y gritó
Es dinero por más alcohol y no lo pagué

A veces, cuando voy al centro comercial
Escucho “Dinero para Nada” y luego empiezo a recordar
Que jugué en un bar y una cuerda se rompió

Fue una ayuda de Dios, apelé a mi Buda
Te agarré del brazo y nos fuimos
Dije: “Cariño, no llores, amor de primer minuto

La vida es aburrida, pero ser un público es peor
¿Y qué papel es mío?
Té picante en la cama, helado, pastel, plátano, luna de miel

A veces cuando voy al centro
Lo evito, pero entro en el mismo bar que tú
No puedo imaginar por qué, si ni siquiera quisiera beber

Me doy cuenta de tu ropa, la rubia a tu lado
En tu aire cansado ni siquiera me ves
Mirándote, pidiendo otro fernet

¿No es suficiente, ya me estoy repitiendo
Sigo mintiéndome a mí mismo
Otro sí, otro viaje, otro adiós
Otro caso banal, tan normal, tan chinfrim

A veces incluso tomo un camino
Y con cada horizonte hermoso veo tu cara
La cara oculta de la luna que sopla todavía soy tuya

Composição: Luiz Chagas