Onírica
Marcelo Sirotheau
Nas linhas de um desejo
Me ensejo
Me exponho
Me pego a dedilhar
Teu corpo de ilusão
Na solidão do sonho
Refaço meu prazer
Tramo um buquê
Tinjo os cabelos
Talvez pra mendigar
Um teu olhar
Com meus apelos
Na valsa em que giras
Me tiras
O sono
Me sinto transbordar
Qual nuvem de verão
Sinalizando o outono
Ensaio atravessar
O teu andar
Com riso e flores
E anseio enlouquecer
Sem mais porquê
Sem mais temores
Nas horas vadias
Que tanto demoras
Me pego a solfejar
Teu nome em confissão
Nas rimas que componho
Desatas um sorriso
Enfim, serei teu lar
Nas tramas de outro enleio
E acenas mãos de areia
Então, és meu lugar
Onde me abrigo, alheio
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