Gaiola de Ouro
Cezar e Paulinho
Num apartamento chique
Entre cortinas bordadas
Numa gaiola de ouro
Toda de pedra enfeitada
Sabiá cantava triste
Parecia uma toada
Mas veio a recordação
De um pedacinho de chão
Onde foi minha morada
Me veio no pensamento
A campina perfumada
O repique de um berrante
O grito da peãozada
Latido do meu cachorro
No trevo da encruzilhada
O mangueirão de madeira
O rangido da porteira
O chegar de uma boiada
O sertão cheio de poeira
A montanha enfumaçada
O carro de boi gemendo
Seguindo a longa estrada
O eco da cachoeira
O cantar da passarada
Os pantaneiros berrando
Os cuitelinhos beijando
As flores desabrochadas
A lagoa cristalina
Entre ondas prateadas
Naquelas águas serenas
Vi minha vida estampada
Meus cabelos quase brancos
A face toda enrugada
Nesse momento tirano
Compreendi que estou chegando
Na derradeira morada
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