De Bolichos e Razões
Joca Martins
Postado na esquina destas vidas
Tontas de ilusões embriagadas
O bolicho povoeiro, marginal
Alenta mortes nesta viva madrugada
Desesperam esperanças calejadas
Nas razões deste vinho tão amargo
Há sangue entre charlas miseráveis
Pela noite resumida em tragos largos
Teu braço campeiro, hoje, sem lida
Por obra de um destino maltrapilho
Vai nos bolichos comprar direitos mortos
Roubados de teus olhos já sem brilho
Aqui, os teus saberes de nada valem
A cidade, teus sonhos, ignorou
É mais um que perdeu-se por perder-se
Dos caminhos que a mãe terra lhe traçou
Bombacha gasta, alpargata a meio pé
Além de causos de domas e pealos
São os resquícios da história do centauro
Que extraviou-se de sua metade cavalo
No rádio, uma vaneira tem insônias
Fala de campo, potros, berro de boi
Por um instante, relembra de quem foi
Logo depois, já não sabe mais quem é
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