O Lenço
Alfredo Marceneiro
O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o
Inda me lembro esse lenço
Vindo do eu seio túmido
Escondi-o ainda húmido
No peito com fogo intenso
E se acaso hoje penso
Do qual, infantil receio
Muito orgulhoso guardei-o
Lamento a minha loucura
Porque esse lenço, perjura
Tinha um coração no meio
Esse coração bordado
Por triste sina era o meu
E por isso ele morreu
Quando o lenço foi rasgados
Foi-se a chama do passado
Pois em cinzas sepultaste
Este amor que atraiçoaste
O que serve a dor incalma
Vesti de luto minh’alma
Quando ao nosso amor faltaste
Vejo uns sorrisos, afagos
Que me deste, hei-de esquecê-los
Pois os seus doces desvelos
Com meus beijos foram pagos
Teus olhos eram dois lagos
Lascivo era o teu seio
Foi tudo efêmero enleio
Breve fugaz ilusão
Magoaste-me o coração
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o
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